Friday, January 27, 2006

Virtualidades

Hoje voltei lá...



Mas apenas virtualmente.

Não sei se a reconstrução já recomeçou, mas pelo menos na era tecnológica já estão os habitantes da minha cidade.

http://www.govhuambo.com/

Saturday, January 21, 2006

Friday, January 20, 2006

Presidenciais

Domingo temos eleições.

Tenho para mim a leve sensação de que independentemente da escolha ou já enfiámos ou vamos enfiar o...



Thursday, January 19, 2006

Autoeuropa

O país pode descansar e Manuel Pinho, Jerónimo de Sousa, João Proença, Marques Mendes e outros podem dormir descansados.

Só a comunicação social, perdeu algo com o acordo. Não tem más notícias para dar, mas mesmo para eles houve revisão do acordo, só dura doze meses pelo que em Setembro lá estarão à porta da empresa a anunciarem o possível despedimento em massa dos trabalhadores com o fim do acordo.

Tenho para mim que aqueles que passaram de bestiais, a bestas e, depois a conscientes sabem muito bem o que querem e, para mim, ninguém me tira que o primeiro Não esteve muito relacionado com o facto de as pressões se terem discutido na imprensa, algo a que não estavam habituados e não aceitaram de bom grado.

Já agora um pedido aos profissionais da caneta e microfone, quando estiverem em causa postos de trabalho, por favor, antes de noticiar façam pelo menos o trabalho de casa.

Wednesday, January 18, 2006

Há Dias Assim

Hoje foi um deles, soube-me a nada.

Foi um daqueles dias em que se faz muita coisa e ao fim do dia fizémos nada, um daqueles em que a agenda fica completamente rebentada, por coisa nenhuma.

Foi de facto um daqueles dias que , ainda não tendo acabado, já teve uma discussão com o herdeiro que acha, aos nove anos, que é dono da vida e que ele é que sabe...

A moral tinha ficado de facto em baixo.

Ao abrir o mail de casa, uma surpresa boa...

Transcrevo

-"Para TODOS os meus amigos do Fio Reviver Nova Lisboa ... porque EU gosto ...
... da música e ... de VOCÊS!
Beijinhos"

Natacha


Como anexo

Don Mclean - American Pie


Starry, starry night
Paint your palette blue and gray
Look out on a summer's day
With eyes that know the darkness in my soul
Shadows on the hills
Sketch the trees and the daffodils
Catch the breeze and the winter chills
In colors on the snowy linen land


Now I understand
What you tried to say to me
How you suffered for your sanity
How you tried to set them free
They would not listen they did not know how
Perhaps they'll listen now


Starry, starry night
Flaming flowers that brightly blaze
Swirling clouds in violet haze
Reflect in Vincent's eyes of china blue
Colors changing hue
Morning fields of amber grain
Weathered faces lined in pain
Are soothed beneath the artist's loving hand


Now I understand
What you tried to say to me
How you suffered for your sanity
How you tried to set them free
They would not listen they did not
know howPerhaps they'll listen now


For they could not love you
But still your love was true
And when no hope was left inside
On that starry, starry night
You took your life as lovers often do
But I could have told you Vincent
This world was never meant for one as
beautiful as you


Starry, starry night
Portraits hung in empty halls
Frameless heads on nameless walls
With eyes that watch the world and can't forget
Like the strangers that you've met
The ragged men in ragged clothes
The silver thorn of bloody rose
Lie crushed and broken on the virgin snow


Now I think I know
What you tried to say to me
How you suffered for your sanity
How you tried to set them free
They would not listen they're not listening still
Perhaps they never will

Estava de facto a precisar destas duas coisas, amizade e música.

Obrigado Natacha.

Monday, January 16, 2006

Figuras

Em cada terra em cada lugar, existem as figuras que a ajudam a caracterizar.

Sem o "soba" que tocava Kissangi, sem o Velho Camutar ( Anibal Dias ) sem o Ernesto Lara filho o Huambo não seria o mesmo.

Foto de um tocador de Kissanji


Da minha geração quem se destacava como ponte entre culturas e estratos sociais era o BC, o Bebe Cerveja, o Bebe Cuca, o Carlos Borges da Cunha.

Encontrei-o ainda algumas vezes no encontro anual do Huambo nas Caldas da Rainha, continuava bem disposto e com o espírito crítico afiado, no último disse-me:

- "Fino, já viste o que estes gajos gastam em cartões de visita para entregar aqui ? É só Directores, Gestores, Gerentes, meu o único que ainda vive mal é aqui o BC". E riu com um sorriso franco.

Hoje soube que o BC tinha partido para aquela viajem que todos teremos que fazer um dia.

Adeus BC, um abraço e descansa em Paz.

Friday, January 13, 2006

Sonho

Ontem tive sonhos bonitos, feios...

Por um qualquer desígnio insondável a minha caixa de recordações abriu-se durante a noite e voltei ao Huambo, não ao que eu conhecia, não ao das fotografias que tenho visto mas ao da reconstrução. Algumas casas já tinham sido recuperadas, alguns quintais estendidos para outras casas que já não existem, na minha imaginação. Algumas, outras, tinham as marcas da guerra...
Li também durante o dia, que no Huambo, vai ser plantada soja, para alimentar a fábrica que foi construída no Bairro de Benfica e que poderá produzir leite e derivados.

Reconstrução e o princípio do fim da fome e da pobreza...?


Oxalá, os meninos do Huambo possam esquecer o que custou ganhar uma bandeira...





Com fios feitos de lágrimas passadas
Os meninos de Huambo fazem alegria
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas
E no céu descobrem estrelas de magia
Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade


Com os sorrisos mais lindos do planalto
Fazem continhas engraçadas de somar
Somam beijos com flores e com suor
E subtraem manhã cedo por luar
Dividem a chuva miudinha pelo milho
Multiplicam o vento pelo mar
Soltam ao céu as estrelas já escritas
Constelações que brilham sempre sem parar

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade


Palavras sempre novas, sempre novas
Palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo
Assim contentes à voltinha da fogueira
Juntam palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

Poema de Rui Monteiro

Tuesday, January 10, 2006

Voltando à terra, a Oeiras


Todos se recordam da campanha das autárquicas de Oeiras, eram os candidatos da ética, da honestidade, da competência, contra Isaltino.

Por isso as duas últimas notícias do Correio da Manhâ, são no mínimo estranhas, numa delas, afirma-se que Isaltino não pagou uma factura à Federação Portuguesa de Futebol, no valor de 15000 Euros, porque não existiam documentos que a sustentem - apenas um acordo verbal- como segundo o jornal a Srª ex-presidente reconhece.

Competência ! Digo eu.

Noutra, do mesmo jornal, a Camara terá perdido alguns milhares de Euros porque várias contra-ordenações prescreveram. Segundo o Sr Vereador José Eduardo Costa que terá afirmado:

"CONSCIÊNCIA TRANQUILA"

O vereador do PSD em causa, José Eduardo Costa, negou qualquer responsabilidade no caso das prescrições dos processos de contra-ordenação e diz estar de “consciência cem por cento tranquila”.Em declarações ao CM, o ex-vice-presidente da Câmara de Oeiras afirmou que “ a competência para despachar processos de contra-ordenação era da presidente da Câmara [Teresa Zambujo]”. Todavia, admitiu que na última parte do mandato, por impedimento da presidente da Câmara, despachava esses processos. “Todos os processos que me trouxeram e que me disseram que estavam a prescrever eu assinei. Outros não despachei porque não os achei prioritários, não considerei que fossem urgentes, ou simplesmente não fui alertado para isso”, declarou o vereador.Quanto ao pedido de esclarecimentos do presidente da Câmara na reunião de 30 de Novembro, José Eduardo Costa declarou que nada respondeu porque “nada tinha a dizer” dado não saber se os processos prescreveram ou não.

Destacando:

“ a competência para despachar processos de contra-ordenação era da presidente da Câmara [Teresa Zambujo]”. Todavia, admitiu que na última parte do mandato, por impedimento da presidente da Câmara, despachava esses processos.

Ética! Digo eu.

Já agora dê uma olhadinha nas notícias:


http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=187471&idselect=90&idCanal=90&p=94
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?idCanal=0&id=186738

Monday, January 09, 2006

Neimar de Barros


Há muitos anos, gostava de ir pela noite dentro a ouvir a comercial e o Orlando Dias Agudo. Numa das noites passaram um poema de Neimar de Barros dito por Marcos Baby Durães...
no fim fizeram uma pausa e segundos depois afirmaram - "Não foi uma branca, foi intencional".
De facto durante aquela pausa os meus sentimentos e emoções, tornaram-se pouco claros.



A este poema , falta-lhe a voz, mas tem mensagem...


Não Tenho Tempo
Sabe meu filho,
Até hoje não tive tempo para brincar com você.
Arranjei tempo para tudo,
Menos para ver você crescer.
Nunca joguei dominó, dama, xadrez ou batalha naval com você.
Percebo que você me rodeia,
Mas sabe, sou muito importante e não tenho tempo...
Sou importante para números, convites-sociais,
Uma série de compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar no chão com você...
Não, não tenho tempo !
Um dia você veio com o caderno da escola para o meu lado,
Não liguei, continuei lendo jornal.
Afinal, os problemas internacionais
São mais sérios que os da minha casa.
Nunca vi seu boletim nem sei quem é sua professora,
Não sei nem qual foi sua primeira palavra,
Também, você entende... não tenho tempo...
De que adianta saber as mínimas coisas de você
Se eu tenho outras grandes coisas a saber?
Puxa, como você cresceu!
Você já passou da minha cintura. Está alto!
Eu não havia reparado isso.
Aliás, não reparo quase nada, minha vida é corrida,
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora.
E se uso aqui, perco-me calado diante da TV,
Porque a TV é importante e me informa muito...
Sabe, meu filho...
A última vez que tive tempo para você, foi numa cama,
Quando o fizemos!
Sei que você se queixa,
Que você sente falta de uma palavra,
De uma pergunta minha,
De um corre-corre,
De um chute na sua bola.
Mas eu não tenho tempo...
Sei que você sente falta do abraço e do riso,
Do andar-a-pé até a padaria para comprar guaraná,
Do andar-a-pé até o jornaleiro para comprar "Pato Donald",
Mas sabe, há quanto tempo não ando a pé na rua?
Não tenho tempo...
Mas você entende, sou um homem importante,
Tenho que dar atenção a muita gente,
Dependo delas... Filho, você não entende de comércio...!
Na realidade, sou um homem sem tempo!
Sei que você fica chateado,
Porque as poucas vezes que falamos é monólogo, só eu falo.
E noventa e nove por cento é bronca:
Quero silêncio, quero sossego!
E você tem a péssima mania de vir correndo sobre a gente,
Você tem mania de querer pular nos braços dos outros...
Filho, não tenho tempo para abraçá-lo,
Não tenho tempo para ficar com papo-furado com criança.
Filho,
O que você entende de computador, comunicação, cibernética,
Racionalismo?
Você sabe quem é Marcuse, Mac Luan?
Como é que vou parar para conversar com você?
Sabe filho,
Não tenho tempo, mas o pior de tudo,
O pior de tudo é que...
Se você morresse agora, já, neste instante,
Eu ficaria com um peso na consciência
Porque até hoje
Não arrumei tempo para brincar com você,
E na outra vida, por certo,
Deus não terá tempo de me deixar, pelo menos , vê-lo!

Sunday, January 08, 2006

Albano NEVES e SOUSA


Por falar em recordações e em tesouros...

A primeira exposição de pintura que vi, ainda de calções, foi de Neves e Sousa.

Atrevido infiltrei-me no salão de exposições da câmara de Nova Lisboa, Angola, durante uma inauguração.

Voltei a ver os seus quadros, na Galeria Verney em Oeiras o ano passado...

pode ser que os volte a ver muitas vezes...

Disseram-me!

Saturday, January 07, 2006

Alda Lara


Quando se recorda encontram-se tesouros...

Alda Lara, poetisa angolana com testamento...

Testamento

À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro,
Deixo os meus brincos, lavrados
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida

Rapariga sem ternura,
Sonhando algures uma lenda,
Deixo o meu vestido branco,
O meu vestido de noiva,
Todo tecido de renda...
Este meu rosário antigo

Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus

Das contas de outro sofrer,
São para os homens humildes,
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,

Esses, que são de dor Sincera e desordenada...
Esses, que são de esperança,
Desesperada mas firme,
Deixo-os a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora,
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora...
Com passos feitos de lua,
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua...

Wednesday, January 04, 2006

Mas soube-me a tanto...

Esta foto foi tirada há mais de trinta anos por um amigo meu, o Ezequiel.

Eram os tempos bons do liceu em que podíamos andar por aí sem preocupações. Um dos passatempos favoritos era ir até à fazenda Quissala andar a cavalo, ou por exemplo brincar com os chipanzas que também gostavam de cavalos.

Numa dessas tardes de ócio, fui buscar o Ezequiel, para irmos para a fazenda. Já havia guerra, a sério, entre os movimentos de libertação. Quando cheguei a casa dele, estava um jeep, uma carrinha e o carro do pai, carregados prontos a partir. A família tinha decidido juntar-se a uma das colunas e fugir para a África do Sul. Tentei dar ao Ezequiel a morada da minha avó em Portugal, o coração já me dizia que teria de sair de Angola. Teimoso apenas ficou com a minha morada de lá. Era Agosto de 75 e despediu-se com um até já. Em Setembro vim eu e, ao longo de trinta anos tentei encontrá-lo. Hoje finalmente, falei com ele ao telefone, por vezes a emoção ganhou muitos pontos à razão. Soube-me a muito, a pouco a tanto. Hoje voltei a ganhar um amigo e lembrei-me de Sérgio Godinho...

"Com Um Brilhozinho nos Olhos
Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo e coisa mais preciosa no mundo não há."

"E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a poucoHoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a poucopassa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tantoHoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tantoHoje soube-me a tantoportanto,
Hoje soube-me a pouco"

Vai certamente saber a mais.

Tuesday, January 03, 2006

Retrospectiva

O Natal, o Novo Ano, são tempo de retrospectiva, de visita interior e de recordações.

O meu Natal costumava ser quente, cheio de gente.

A gente já partiu e do meu natal pouco resta, a não ser a recordação e o incómodo pelo que fizeram à casa que era minha.

Todos os povos têm direito à independência ou à autodeterminação, mas deviam ser obrigados a conservar o que obtiveram caído do céu.

Do céu caiu-lhes uma casa, a preto e branco quando eu lá estava, a cores quando eles lá estão...