Saturday, October 15, 2005

Nevoeiro

Onde nasci, existiam dois tempos, o cacimbo frio e a estação das chuvas. Do cacimbo não tenho saudades, mas do cheiro a terra molhada... aquele cheiro intenso que penetrava no corpo e fazia bem à alma, desse tenho saudades.

Por aqui, apesar das 4 estações, não tenho odores fortes, ou por outra, cada vêz mais me cheira a esturro. Como dizia num colóquio Luis Todo-Bom, vamos de facto crescer em termos de economia a 0,5 % ao ano, mas isto não é crescer, é estar parado fingindo que andamos, e como fingimos, não andamos, ou se quizerem, é não dar medicamentos ao doente porque está doente, mas vai-se aguentando.

Alegremente, no entanto continuamos a gastar o que não temos, a utilizar o crédito e a produzir cada vêz menos, por isso me cheira a esturro, principalmente quando numa máquina de comida retiro um palmier espanhol.

Um bolo, um simples bolo que custa 60 centimos vem de Espanha e com os custos de fabrico e transporte está colocado numa máquina de venda em Lisboa, mas um bolo não tem valor acrescentado nem margem de lucro para permitir tão longa viagem.

Nem um bolo ?

"Oh Portugal hoje és nevoeiro"

1 comment:

Unknown said...

"Alegremente, no entanto continuamos a gastar o que não temos, a utilizar o crédito e a produzir cada vêz menos"

Este tipo de frases é cada vez mais vulgar e começam a ser interiorizadas pelo povo português.

É grave que nos deixemos embalar nestas histórias. Se formos analisar as estatísticas financeiras estamos quese sempre no meio, ou mesmo melhor, do que os nossos parceiros da UE.

Não é Portugal que está em crise, quem está em crise é a UE devido à fúria da integração a todo o custo.

Infelizmente embarcamos nestes esquemas e estamos muitas vezes a pagar por outros.