Monday, April 24, 2006

Dia 24- uma casa com jardim

Um Mês depois do último escrito aqui, é tempo de voltar.

Faz hoje anos que durante todos os anos comemorava os anos do meu pai...

Lembro-me dos tempos felizes em que uma grande família que se juntava à volta da mesa em boa alegria.

Lembro-me dos tempos da casa nova em Nova Lisboa, onde de facto senti que tu eras feliz.

Lembro-me dos teus cinquenta anos, comemorados, na casa nova, com amigos, mas já com o pressentimento que algo não ia bem.

Lembro-me do teu acreditar em Angola até ao último dia, em que depois de ficares sózinho, vieste para cá dizendo, não dava mais... tu que também foste um pai e um amigo para aqueles que eram teus empregados...

Lembro-me da tua tristeza por teres abandonado os cães, os teus Boxers, não podiam vir não é pai...

Depois foste envelhecendo, ficaste doente, foste definhando, sofrendo mais do que devia ser permitido, pai devia haver uma lei para não se sofrer tanto...

Partiste, pai, e este ano, tal como o ano passado não tive a tua festa, não pude estar contigo, estando.

Sou um homem de sorte, porque tive um pai como tu.

Falta pouco para eu ter cinquenta, e ontem pai, comprei uma casa com jardim, e se Deus quizer, vou ter um Boxer.

Sabes quanto lutei por isso, com a minha vontade e a tua força, com a tua honestidade e com o teu exemplo, com tudo o que me ensinaste, consegui pai.

Sabes, pai, antes da casa nova existe um cruzamento e uma curva, um pouco longe, tal como na casa de Angola, talvêz o meu Boxer se levante e espete as orelhas, quando ouvir o carro, antes de ser possível a qualquer humano como o nosso fazia, e que quando ele levantar as orelhas, o meu filho perceba que estou a chegar e que com a mesma alegria que eu tinha, se prepare para seguir os teus passos.

Hoje pai fazes anos, que eu te possa sempre recordar com este carinho.

Continuo a amar-te pai e sabes, continuas a fazer-me falta.

Beijinho pai