Eu não sei nunca, quando é que a tua loucura
É a verdade que eu não posso suportar.
Eu não sei mesmo se a minha razão
Me prende o pensamento
E a tua é a ponte para voar.
Assustas-me e fascinas-me.
Em ti, há um olhar perdido no infinito;
Em mim, há a possibilidade de ver só até
Onde a vista alcança....
Quando te vejo sorrir, quando te vejo brincar
Como criança, quando falas de coisas que eu sinto,
Mas não posso entender,
É como uma música dum Mundo perdido, mas que foi...
É como aquele pássaro que existe,
Mas que existe porque a gente o espera...
Olho-te e tento compreender.
(Porque fui educado para compreender e não para olhar).
Mas quando, em certos momentos, como faíscas
E raios de uma outra luz, eu «vejo mais» ...
Ah! Lá, quando eu me dispo das minhas «verdades»,
Dos meus «uniformes» e das minhas «razões»;
Lá, nesse teu mundo, que é loucura, dor, alegria,
Beleza, ternura, violência, amor e delicadeza;
Aí, quando me encontro contigo, mesmo contigo,
Apetece-me abraçar-te, fazer-te festas nos cabelos...
E ficar assim... Só assim..
Cantar-te uma canção de embalar e dizer-te:
Deixa lá! Eu também não entendo...
Júlio Roberto
Bissapa
Um Blog é uma forma de comunicar. Comunicar é estar, defender ideias, ter opinião e pontos de vista. Por tudo isso nasceu o Bissapa, termo que em Angola designa plantas rasteiras, que tal como em todo o mundo têm plantas venenosas, inofensivas e com propriedades medicinais...assim são também as palavras que escrevemos no dia a dia e os estados de espírito que vamos tendo.
Wednesday, July 07, 2010
Monday, April 26, 2010
Soube Bem
Sunday, November 22, 2009
Jorge Ferreira
Durante anos o Blog do Jorge Ferreira - Tomar Partido - esteve ligado ao meu. Nele a 19 de Novembro esse companheiro de viagem publicava ...
"O Governo vai apresentar um Orçamento de Estado rectificativo para 2009, cujo défice estará calculado em 8% do produto interno bruto (PIB), de acordo com as declarações de Teixeira dos Santos no final do Conselho de Ministros de hoje."
Hoje soube, mais tarde do que o devia que o Jorge para a última morada em Oeiras.
Adeus companheiro
"O Governo vai apresentar um Orçamento de Estado rectificativo para 2009, cujo défice estará calculado em 8% do produto interno bruto (PIB), de acordo com as declarações de Teixeira dos Santos no final do Conselho de Ministros de hoje."
Hoje soube, mais tarde do que o devia que o Jorge para a última morada em Oeiras.
Adeus companheiro
Saturday, November 14, 2009
Estórias Abensonhadas
Hoje tive tempo para ler Mia Couto. Contos pequeninos como o do "Bebedor do Tempo" em que escreve...
" - Estou à espera de uma certa mulher, é uma que não cabe neste mundo.
- Mas bebendo assim ?, se atreviam a querer saber.
- O que estou bebendo não é cerveja. Estou bebendo é o tempo, a ver se ela não demora tanto "
Há dias assim...
" - Estou à espera de uma certa mulher, é uma que não cabe neste mundo.
- Mas bebendo assim ?, se atreviam a querer saber.
- O que estou bebendo não é cerveja. Estou bebendo é o tempo, a ver se ela não demora tanto "
Há dias assim...
Wednesday, November 11, 2009
Angola
O meu irmão de peito, Orlando Castro, publicou ontem no seu blogue ( Alto hama ) o post que agora transcrevo...
A minha terra, Angola, comemora amanhã 34 anos da sua independência de Portugal e também 34 anos da sua dependência do MPLA.
Não sei se ter memória é, nos tempos que correm, uma qualidade. Creio que não. Alguém disse que quem estiver sempre a falar do passado deve perder um olho. No entanto, acrescentou que quem o esquecer deve perder os dois...
Tal como o Papa Bento XVI recordou recentemente, em Luanda, perante quase um milhão de fiéis, as “consequências terríveis” dos 27 anos de guerra civil em Angola, lamentando que esta seja “uma realidade familiar”, apetece-me hoje recordar também algumas coisas... a propósito da (in)dependência do meu povo.
Recordar, em homenagem às vítimas, o massacre de Luanda, perpetrado pelas forças militares e de defesa civil do MPLA, visando o aniquilamento da UNITA e cidadãos Ovimbundus e Bakongos, e que se saldou no assassinato de 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.
Recordar, em homenagem às vítimas, o massacre do Pica-Pau em que no dia 4 de Junho de 1975, perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus corpos mutilados pelo MPLA, no Comité de Paz da UNITA em Luanda.
Recordar, em homenagem às vítimas, o massacre da Ponte do rio Kwanza, em que no dia 12 de Julho de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados pelo MPLA, perto do Dondo (Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares portuguesas que garantiam a sua protecção.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de mais de 40.000 angolanos terem sido torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de, entre 1978 e 1986, centenas de angolanos terem sido fuzilados publicamente pelo MPLA, nas praças e estádios das cidades de Angola, uma prática iniciada no dia 3 de Dezembro de 1978 na Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento de 5 patriotas e que teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento de 15 angolanos no Campo da Revolução em Luanda.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de no dia 29 de Setembro de 1991, o MPLA ter assassinado em Malange, o secretário Provincial da UNITA naquela Província, Lourenço Pedro Makanga, a que se seguiram muitos outros na mesma cidade.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de nos dias 22 e 23 de Janeiro de 1993, o MPLA ter desencadeado em Luanda a perseguição aos cidadãos angolanos Bakongos, tendo assassinato perto de 300 civis.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de em Junho de 1994, a aviação do MPLA ter bombardeado e destruido a Escola de Waku Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e professores.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, a aviação do MPLA ter bombardeado indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de entre Abril de 1997 e Outubro de 1998, na extensão da Administração ao abrigo do protocolo de Lusaka, o MPLA ter assassinado mais de 1.200 responsáveis e dirigentes dos órgãos de Base da UNITA em todo o país.
Recordar alguém que no dia 24 de Fevereiro de 2002 disse: «sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!» (morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.)
Recordar alguém (Jonas Savimbi) que dizia: «Ise okufa, etombo livala» (Prefiro antes a morte, do que a escravatura).
Mesmo como Angolano nunca me tinha apercebido do número de mortes nos diversos massacres e também não me lembro de ter visto esta notícia na agenda política. Por publicar textos destes o meu irmão de peito será certamente persona não grata em Angola e por publicar textos do mesmo estilo foi afastado do JN - o grande jornal do Porto. Ficou pelo menos no clube dos distintos como o José Manuel Fernandes, o Carlos Narciso, o Emídio Rangel entre outros
A minha terra, Angola, comemora amanhã 34 anos da sua independência de Portugal e também 34 anos da sua dependência do MPLA.
Não sei se ter memória é, nos tempos que correm, uma qualidade. Creio que não. Alguém disse que quem estiver sempre a falar do passado deve perder um olho. No entanto, acrescentou que quem o esquecer deve perder os dois...
Tal como o Papa Bento XVI recordou recentemente, em Luanda, perante quase um milhão de fiéis, as “consequências terríveis” dos 27 anos de guerra civil em Angola, lamentando que esta seja “uma realidade familiar”, apetece-me hoje recordar também algumas coisas... a propósito da (in)dependência do meu povo.
Recordar, em homenagem às vítimas, o massacre de Luanda, perpetrado pelas forças militares e de defesa civil do MPLA, visando o aniquilamento da UNITA e cidadãos Ovimbundus e Bakongos, e que se saldou no assassinato de 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.
Recordar, em homenagem às vítimas, o massacre do Pica-Pau em que no dia 4 de Junho de 1975, perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus corpos mutilados pelo MPLA, no Comité de Paz da UNITA em Luanda.
Recordar, em homenagem às vítimas, o massacre da Ponte do rio Kwanza, em que no dia 12 de Julho de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados pelo MPLA, perto do Dondo (Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares portuguesas que garantiam a sua protecção.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de mais de 40.000 angolanos terem sido torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de, entre 1978 e 1986, centenas de angolanos terem sido fuzilados publicamente pelo MPLA, nas praças e estádios das cidades de Angola, uma prática iniciada no dia 3 de Dezembro de 1978 na Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento de 5 patriotas e que teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento de 15 angolanos no Campo da Revolução em Luanda.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de no dia 29 de Setembro de 1991, o MPLA ter assassinado em Malange, o secretário Provincial da UNITA naquela Província, Lourenço Pedro Makanga, a que se seguiram muitos outros na mesma cidade.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de nos dias 22 e 23 de Janeiro de 1993, o MPLA ter desencadeado em Luanda a perseguição aos cidadãos angolanos Bakongos, tendo assassinato perto de 300 civis.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de em Junho de 1994, a aviação do MPLA ter bombardeado e destruido a Escola de Waku Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e professores.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, a aviação do MPLA ter bombardeado indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.
Recordar, em homenagem às vítimas, o facto de entre Abril de 1997 e Outubro de 1998, na extensão da Administração ao abrigo do protocolo de Lusaka, o MPLA ter assassinado mais de 1.200 responsáveis e dirigentes dos órgãos de Base da UNITA em todo o país.
Recordar alguém que no dia 24 de Fevereiro de 2002 disse: «sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!» (morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados.)
Recordar alguém (Jonas Savimbi) que dizia: «Ise okufa, etombo livala» (Prefiro antes a morte, do que a escravatura).
Mesmo como Angolano nunca me tinha apercebido do número de mortes nos diversos massacres e também não me lembro de ter visto esta notícia na agenda política. Por publicar textos destes o meu irmão de peito será certamente persona não grata em Angola e por publicar textos do mesmo estilo foi afastado do JN - o grande jornal do Porto. Ficou pelo menos no clube dos distintos como o José Manuel Fernandes, o Carlos Narciso, o Emídio Rangel entre outros
Thursday, October 08, 2009
Esquecimento
Um país que esquece o passado, não pode ser uma terra de futuro...
Augusto Cabrita
Manuel Cabanas
José Afonso
Francisco Fanhais
Adriano Correia de Oliveira
Adelino Amaro da Costa
Francisco Sá Carneiro
Soeiro
Eça...
Vieira da Silva
Só alguns que me vieram à memória de entre os mortos, porque dos vivos nem se fala
Menina em teu peito sinto o Tejo
e vontades marinheiras de aproar
menina em teus lábios sinto fontesde água doce que corre sem parar
menina em teus olhos vejo espelhose em teus cabelos nuvens de encantar
e em teu corpo inteiro sinto o feno rijo e tenro que nem sei explicar
se houver alguém que não goste
não gaste - deixe ficar
que eu só por mim quero-te tanto
que não vai haver menina p'ra sobrar
aprendi nos "Esteiros" com Soeiro
aprendi na "Fanga" com Redol
tenho no rio grande o mundo inteiro
e sinto o mundo inteiro no teu colo
aprendi a amar a madrugada
que desponta em mim quando sorris
és um rio cheio de água levada
e dás rumo à fragata que escolhi
se houver alguém que não goste
não gaste - deixe ficar...
que eu só por mim quero-te tantoque não vai haver menina p'ra sobrar
Pedro Barroso
Augusto Cabrita
Manuel Cabanas
José Afonso
Francisco Fanhais
Adriano Correia de Oliveira
Adelino Amaro da Costa
Francisco Sá Carneiro
Soeiro
Eça...
Vieira da Silva
Só alguns que me vieram à memória de entre os mortos, porque dos vivos nem se fala
Menina em teu peito sinto o Tejo
e vontades marinheiras de aproar
menina em teus lábios sinto fontesde água doce que corre sem parar
menina em teus olhos vejo espelhose em teus cabelos nuvens de encantar
e em teu corpo inteiro sinto o feno rijo e tenro que nem sei explicar
se houver alguém que não goste
não gaste - deixe ficar
que eu só por mim quero-te tanto
que não vai haver menina p'ra sobrar
aprendi nos "Esteiros" com Soeiro
aprendi na "Fanga" com Redol
tenho no rio grande o mundo inteiro
e sinto o mundo inteiro no teu colo
aprendi a amar a madrugada
que desponta em mim quando sorris
és um rio cheio de água levada
e dás rumo à fragata que escolhi
se houver alguém que não goste
não gaste - deixe ficar...
que eu só por mim quero-te tantoque não vai haver menina p'ra sobrar
Pedro Barroso
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